“A inovação pode estar relacionada à mudança de processos”

A afirmação é de Daniel Knopfholz, do Grupo Boticário, para quem lideranças engajadas resultam em resultados positivos

  • 17/06/2024
  • Angelina Martins
  • Artigo

Convidado a participar da terceira edição do Governança 360, maratona de conhecimento coordenada pelas Comissões Temáticas do IBGC e realizada no último dia 15 de maio, Daniel Knopfholz, vice-presidente de pessoas e tecnologia do Grupo Boticário, abordou em sua fala os caminhos que levaram todo o ecossistema da empresa ao envolvimento com o tema inovação.

Para aprofundar esses tópicos, o Blog IBGC realizou uma entrevista com o executivo, em que ele aponta que elementos como a estrutura organizacional, os formatos de trabalho, a diversidade e a tecnologia são elementos determinantes para disseminar a cultura da inovação no grupo.

Blog IBGC: Como construir a cultura da inovação em uma empresa?
Daniel Knopfholz: Não há uma fórmula mágica, mas existem alguns caminhos. Construir uma cultura de inovação depende muito da natureza da empresa. Então, o primeiro passo é ter um profundo entendimento de todo o ecossistema da companhia: pessoas, negócios, objetivos, gargalos, capacidades etc. Outro ponto que vejo como crucial é definir uma visão e objetivos claros, para permitir que todos saibam qual caminho seguir e para que a inovação possa sempre ter um motivo para existir, e não ser uma inovação pela inovação.

No Grupo Boticário, por exemplo, a inovação está na nossa essência. Para permitir que isso aconteça, nós promovemos uma cultura de aprendizado, colaboração e transparência, que motiva a equipe a testar ideias que, futuramente, podem virar serviços, produtos ou melhorias de processos. Importante destacar também a influência da nossa estrutura organizacional, formatos de trabalho, diversidade e tecnologia.

Com nossos mais de 19 mil colaboradores potencializando a criatividade em prol de nossos clientes e públicos do nosso ecossistema, conseguimos inovar de forma distribuída e ter o grupo em destaque em todas fases da cadeia, desde o laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D), passando pela fabricação de produtos, distribuição, até o contato direto com nossos clientes em mais de 4 mil pontos físicos e canais digitais.

Nada disso seria feito se não tivéssemos uma liderança engajada com a ideia de inovação, que ajuda a disseminar essa cultura para toda a empresa, incentiva todas as áreas, e dá ferramentas e suporte necessários para que essas ideias inovadoras sejam testadas e colocadas em prática.

Por fim, acho importante também ressaltar que inovação não é necessariamente tecnologia. A inovação pode estar relacionada à mudança de processos e comportamentos, por isso é tão importante criar um ambiente transparente e com direcionais objetivos para que toda ideia inovadora siga o caminho que a empresa quer alcançar.

A diversidade de perfis profissionais contribui para essa construção?
Sim, e desempenha um papel essencial nessa construção. Profissionais com perfis diversos (origens, experiências, formações etc.) contribuem para que a empresa tenha opiniões e perspectivas diferentes, que resultam em soluções ou iniciativas ainda mais inovadoras e robustas, formando um time forte e envolvido com os desafios da companhia. Por isso, para o Grupo Boticário, que é uma empresa plural, com diferentes ofícios e colaboradores em todo o país, investir para atrair e reter pessoas com diferentes vivências é extremamente relevante, pois acreditamos que é por meio delas e de um ambiente inovador, único e acolhedor que iremos alcançar o propósito de transformar o mundo por meio da beleza.

Como dialogar com o conselho para ter o apoio necessário?
Primeiro, a empresa precisa ter em sua estrutura uma governança corporativa robusta e madura, com especialistas em temas que integram o negócio e contribuem nas discussões, orientações e avaliações necessárias, além de garantir que todas as pessoas que fazem parte da companhia conheçam a estratégia do negócio. Considero esses pontos importantes para estabelecer um diálogo com imparcialidade necessária para tomada de decisões.

Aqui, contamos com o conselho consultivo e com comitês de assessoramento que, juntos, avaliam e fazem recomendações sobre temas relacionados à estratégia do grupo e aos resultados obtidos nos aspectos econômico, reputacional e de ESG, seguindo nosso comprometimento com as melhores práticas de governança corporativa.

Mas, para qualquer tipo diálogo em busca de apoio – seja do conselho ou de outras frentes corporativas –, é preciso apresentar análises com dados e informações que fundamentem o objetivo almejado com a conversa, destacando benefícios, mas não deixando de abordar os riscos, que idealmente devem ser apresentados já com direcional de mitigação. Seguir os protocolos estabelecidos, e estar disponível para ouvir críticas e sugestões de melhorias, também são itens que fazem parte desse momento.

Quais as vantagens competitivas de uma cultura criativa/inovadora?
As vantagens são inúmeras, desde a diferenciação de mercado – com a possibilidade de desenvolvimento de produtos, serviços e soluções únicos, que atendam às necessidades dos clientes e aumentem sua paixão pela marca – até aumento de eficiência, agilidade na resolução de problemas com alta eficácia, possibilidade de adaptação melhor ao longo das mudanças de mercado.

Outro ganho claro com a inovação é a satisfação da equipe de colaboradores, já que participar de soluções e ideias novas trás um retorno profissional e pessoal para a equipe. Inovação aliada à tecnologia e sensibilidade humana - que são pilares fundamentais da nossa cultura - tornam o Grupo Boticário uma lovetech, alavancam a empresa como inovadora, sem perder o toque humano, potencializando a criatividade de nossas equipes e ampliando a capacidade de inovação.

Ao criar condições para inovação e criatividade, conseguimos proporcionar aos times um ambiente seguro para que testem ideias, que posteriormente podem gerar produtos e experiências que superem as expectativas de nossos clientes, franqueados, revendedores, parceiros e demais públicos presentes no nosso ecossistema de beleza – trazendo, assim, mais autonomia e maior engajamento para as equipes de trabalho.

Como promover o diálogo entre inovação, tecnologia e sustentabilidade?
Acredito que é preciso ter uma governança forte e robusta, com pilares, objetivos e planos de futuro bem definidos, além de entender a fundo para quem se está produzindo ou oferecendo serviço, e acompanhar as necessidades e mudanças de mercado e da sociedade em geral.

Assim como a inovação, a sustentabilidade é transversal em todas as áreas do grupo e integra a agenda ESG que está no DNA da companhia desde a fundação.

Esses pilares (inovação, tecnologia e sustentabilidade) são fundamentais para o grupo, que ao transversalizar para todo o ecossistema de beleza, potencializa sua capacidade de atrair e reter pessoas, proporcionar as melhores experiências para clientes, parceiros, revendedores, colaboradores e demais públicos, contribuir na construção de um mundo melhor para todos e, é claro, alcançar diferenciação competitiva.

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