“O Interior Paulista é como um recorte do Brasil”

Fernando Aguirre, coordenador-geral do capítulo, quer ampliar o alcance da governança a grandes e pequenas empresas da região

  • 03/06/2024
  • Angelina Martins
  • Bate-papo

A economia do estado de São Paulo, diversificada e de grande porte, possui grande importância para o crescimento econômico do país. Alguns dados ajudam a ilustrar essa relevância: em boletim divulgado no dia 7 de maio, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) aponta que o Produto Interno Bruno (PIB) do estado tem projeção de crescimento de 2,3% em 2024. Em comparação, o Boletim Focus do Banco Central afirmou que a projeção para o Brasil é ligeiramente menor, 2,05%.

Para falar sobre a contribuição do interior paulista nesse crescimento e sobre o valor das boas práticas de governança, o Blog IBGC convidou Fernando Aguirre, coordenador-geral do capítulo, para uma conversa sobre as expectativas e desafios do instituto na região. Até o momento, a regional conta com 244 associados pessoas físicas, e 28 associados pessoas jurídicas. Confira o bate-papo:

Blog IBGC: Descreva o ecossistema de negócios do Capítulo Interior Paulista.
Fernando Aguirre: O nosso capítulo está estruturado em cinco squads - Empresas Familiares, Inovação, ESG, Agronegócios e Compliance - cada um com seu próprio coordenador. E as iniciativas acontecem dentro desses squads e procuramos convergir qualquer iniciativa nesse modelo. Nossos coordenadores são: Adriana Elias Chaves, André Padilha Kraemer, Andreia Camargo Marques Postal e Eduardo Lacerda Fernandes.

Quais os desafios de governança na área de atuação do capítulo, para ampliar o seu alcance e a disseminação da governança?
Os desafios de governança no interior de São Paulo são muito diversos. Temos um cenário que é determinado pela região de Campinas, que é mais próxima São Paulo. Mas, quando se vai para Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Marília, Presidente Prudente, enfim, quanto mais longe da capital, menos conhecimento se tem sobre governança corporativa. Por outro lado, também o volume de empresas por metro quadrado na geografia diminui bastante. Então, o nosso desafio do ponto de vista operacional é atender a demanda maior de associados que existem em Campinas e cidade vizinhas, num raio de 80 km e, ao mesmo tempo, angariar e levar a governança para novos associados de cidades mais afastadas.

O desafio é grande porque temos muitas multinacionais de médio e grande porte, e principalmente a indústria da manufatura, composta de multinacionais. Então, além das empresas familiares nos setores de varejo, serviços e agronegócios, temos as multinacionais. O interior paulista é como se fosse um recorte do Brasil, o que aumenta o nosso desafio em termos de linguagem e foco.

Quais as principais agendas a serem priorizadas em 2024?
Neste ano, a prioridade dos cinco squads é a agenda da família empresária e também a capacitação de governança para empresas familiares. A nossa região tem um DNA de inovação, principalmente aqui Campinas, e por isso temos uma ênfase muito grande na inovação que traz resultados.

Apenas como exemplo, o nosso Conexão Governança, que será realizado no dia 1º de agosto aqui em Campinas, será focado de uma forma inédita na indústria e no mercado de serviços, porque a região é focada em indústrias. Todo mundo fala muito de agronegócios, mas a manufatura, composta por muitas empresas de pequeno e médio portes e também empresas familiares, têm sofrido, e a gente entende que a governança adequada pode ajudar na performance de resultado.

Será um encontro temático. E assim têm sido os nossos encontros, sempre com parcerias estratégicas. Na semana passada, por exemplo, tivemos uma parceria em Jundiaí, com a OAB, e vamos fazer o Conexão, com a pauta da indústria, em parceria com o Centro das Indústria do Estados de São Paulo (Ciesp) e com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF).

Assim, estamos montando as agendas atrelando-a a resultados de desempenho do negócio, e também falando de governança trazendo resultado para o negócio, e em como esse fluxo positivo acontece entre as duas práticas.

Como potencializar o papel do capítulo na região?
Temos um grande desafio, porque o capítulo cresceu muito nos últimos três anos e queremos atuar com mais profundidade, com mais inter-relação pessoal e por isso o capítulo está privilegiando encontros presenciais e mesmo virtuais, sempre cultivando bons relacionamentos. Comparado a outros capítulos, os nossos squads têm quase vida própria e isso aumenta muito o volume de encontros, de eventos, enfim, de oportunidades.

Como a governança pode gerar valor para os associados e para o ecossistema de negócios da região?
Temos falado de governança levando resultados, o que chamamos de metáfora – a governança pelo amor e não pela dor, o que significa não esperar momentos críticos como sucessão e processos de compra/venda/fusões, e ir atrás de uma governança que seja palatável também para empresas de porte menor.

E esse é um ponto muito importante, porque entendo que a 6ª edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa é muito feliz no sentido de permitir adaptabilidade, e que não seja visto como compliance ou como algo muito cansativo, pesaroso para quem vai implantar. Afinal, a governança não pode ter um custo alto para quem vai implantar, e sim, deve alavancar resultados.

Esse entendimento se dá em relação aos associados que são pessoas jurídicas, e em especial, aos associados que são pessoas físicas.Nós também nos dedicamos aos certificados que buscam posições em conselhos. E o nosso desafio diante desse público - empresários, executivos e consultorias - é gerar espaços para networking qualificado, pois temos condição de atuar nesse sentido nos mundos presencial e virtual.


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