A sucessão é um tema recorrente em famílias empresárias e não envolve apenas a transição de liderança, mas também a preservação do legado e a superação de desafios geracionais. Para explorar esses temas e outros relacionados, o blog IBGC conversou com Felipe Hansen, presidente do conselho de administração do Grupo Tigre. Confira abaixo as principais ideias compartilhadas por ele.
BLOG IBGC: Como você avalia a sua experiência no Conexão Governança SC? E como você espera que o público tenha aproveitado as discussões e insights compartilhados?
Felipe Hansen: A minha experiência no Conexão Governança, em Santa Catarina, foi extremamente positiva. Foi uma oportunidade rica de troca, onde pude compartilhar a trajetória da nossa família no Grupo Tigre, mas também ouvir outras histórias e perspectivas sobre os desafios e as soluções em governança corporativa. Fiquei entusiasmado com o interesse do público em temas como a preservação do legado, sucessão, profissionalização e propósito nas empresas familiares — assuntos que, para mim, são vitais para a perenidade dos negócios.
Espero que o público tenha saído do evento não apenas com respostas, mas com boas perguntas. Porque a governança, especialmente no contexto familiar, é um processo em constante construção. Se conseguimos provocar reflexões sinceras e contribuir para que mais empresas familiares encontrem seu caminho com clareza e consistência, então cumprimos o nosso papel.
Quais são os principais desafios enfrentados por famílias empresárias na manutenção do negócio (tendo em vista o ambiente familiar)?
Um dos maiores desafios é equilibrar o afeto com a racionalidade. Em uma empresa familiar, as relações emocionais são fortes — e isso é uma riqueza, mas também exige maturidade para tomar decisões difíceis com responsabilidade. Outro ponto crítico é a comunicação: manter todos informados, engajados e alinhados com os valores da família e da empresa é essencial para preservar a coesão.
E quais são os desafios enfrentados na implementação de conselhos consultivos?
No caso dos conselhos consultivos, o desafio está em garantir que eles tenham voz. Não basta criar a estrutura — é preciso escolher conselheiros com experiência, mas também com sensibilidade para dialogar com a cultura da empresa familiar. E, acima de tudo, a família precisa estar disposta a ouvir. Quando isso acontece, o conselho se torna um espaço de construção coletiva e visão de futuro.
Como o conselho de administração pode auxiliar na transição geracional em famílias empresárias?
O conselho de administração é um guardião da missão, visão e propósito da empresa. Ele ajuda a preparar o terreno para a próxima geração, garantindo que a transição seja planejada, estruturada e baseada em mérito.
Há um provérbio chinês que diz “a riqueza não passará de três gerações”. Isso significa que a primeira geração constrói riqueza, a segunda administra e a terceira a destrói. Quais conselhos você tem para famílias empresariais manterem um negócio de sucesso ao longo das gerações?
Esse provérbio é um alerta importante, mas não é uma sentença. Acredito que a longevidade de uma empresa familiar depende de três pilares: educação, governança e propósito. A educação prepara as novas gerações para liderar com consciência e competência.
A governança cria os mecanismos para que as decisões sejam tomadas com responsabilidade e clareza de papéis. E o propósito mantém todos conectados a algo maior do que o lucro — é o que dá sentido ao que fazemos.
No Grupo Tigre, sempre buscamos cultivar esses três pilares. É isso que nos ajuda a construir um legado que se renova com o tempo, sem perder sua essência.