Conselhos consultivos ampliam estratégia e governança

Helder de Azevedo aponta benefícios, diferenças e desafios desse modelo em empresas familiares e de capital fechado

  • 13/10/2025
  • Melina Mayrink
  • Bate-papo

Em empresas familiares e de capital fechado, os conselhos consultivos têm ganhado espaço como mecanismos para orientar decisões estratégicas, prevenir conflitos e fortalecer práticas de governança. Mais do que um fórum de aconselhamento, eles contribuem para ampliar a visão de mercado, apoiar sucessão e trazer credibilidade junto a stakeholders. O Blog IBGC conversou com Helder de Azevedo, especialista em governança corporativa, sobre os benefícios desse modelo, suas diferenças em relação ao conselho de administração, os principais desafios enfrentados e o impacto da inteligência artificial na evolução da governança.

BLOG IBGC: Quais são os principais benefícios que um conselho consultivo traz para empresas de capital fechado ou familiares?

Helder de Azevedo: Um conselho consultivo fortalece empresas familiares ao acompanhar seu desempenho, promover debates estratégicos e incentivar boas práticas de governança. Especialmente com a presença de conselheiros independentes, contribui para decisões mais objetivas sem os vieses, promove a prevenção de conflitos e aporta maior credibilidade junto aos stakeholders. Também amplia a visão de mercado, ajuda na gestão de riscos e fomenta o crescimento com foco no longo prazo. Bastante, não?

Muitas empresas ainda confundem conselho consultivo com conselho de administração. Na prática, quais são as diferenças e em que momento faz sentido cada modelo?

O conselho consultivo atua como fórum de aconselhamento, sem poder decisório, ideal para empresas de capital fechado que buscam orientação estratégica sem formalidades legais. Já o conselho de administração é um órgão com responsabilidades formais, obrigatório em empresas de capital aberto e adequado para negócios que exigem prestação de contas e decisões estratégicas estruturadas.

Além dos aspectos legais (empresa listada, por exemplo), pode ser interessante considerar um conselho de administração ao invés de um conselho consultivo em situações específicas, como quando a empresa atinge um porte significativo, quando há necessidade de tomada de decisão rápida, quando há necessidade de representação externa ou, ainda, quando há necessidade de governança corporativa mais robusta, como, por exemplo, busca de capital externo.

Além disso, é importante considerar alguns eventuais gatilhos, como mudanças na estrutura de propriedade, fase de crescimento acelerado ou, novamente, necessidade de financiamento por meio de mecanismos estruturados.

No contexto da família empresária, por que o conselho consultivo pode ajudar?

O conselho consultivo apoia a família empresária com aconselhamento especializado em áreas que podem ser deficientes, como finanças e gestão, fortalecendo decisões estratégicas. Contribui para sucessão harmônica, gestão de conflitos e desenvolvimento de competências nos membros da família. Por fim, também promove práticas éticas de governança, garantindo continuidade e sustentabilidade do negócio.

Como você enxerga a evolução do papel dos conselhos consultivos nos próximos anos? A inteligência artificial (IA) tem algum aspecto que apoie ainda mais o papel deste conselho?

O papel dos conselhos consultivos tende a crescer diante da complexidade (VUCA - Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity) dos negócios, da inovação constante e da demanda por governança mais robusta para viabilizar a jornada financeira. A IA pode potencializar esse papel ao oferecer análises, simulações e apoio à tomada de decisão com base em dados e modelos especializados, além do suporte por meio da IA generativa, como o Agente ConselheirIA, uma iniciativa brasileira, com conhecimento disponível de governança corporativa para empresas de capital fechado. Por outro lado, seu uso indiscriminado e sem preparo pode gerar riscos, exigindo cautela e critérios na aplicação.

Como um conselho consultivo pode ser estruturado e gerenciado de forma eficaz para atender às necessidades específicas de uma empresa de capital fechado ou familiar?

Ao definir claramente o seu papel e objetivos; ter selecionado membros com habilidades e experiências relevantes; estabelecer um calendário de reuniões e uma agenda clara; e, idealmente, avaliar regularmente o desempenho do conselho e fazer ajustes necessários.

No IBGC, oferecemos uma pílula específica sobre as configurações ideais do conselho consultivo em função do momento da família e da empresa e de seus objetivos. Vale conferir, é conteúdo gratuito. Você pode acessar neste link.

Quais são os principais desafios que um conselho consultivo pode enfrentar em uma empresa de capital fechado ou familiar? Como eles podem ser superados?

Os principais desafios incluem: conflitos de interesses entre os membros do conselho e da família; dificuldade em estabelecer uma relação de confiança entre os membros do conselho e a empresa – comum em empresas familiares; e a dificuldade em manter a objetividade e a imparcialidade em função do baixo preparo do conselheiro e do empreendedor quanto ao valor da governança.

Para superar esses desafios, é importante estabelecer claramente o papel e os objetivos do conselho, selecionar membros com habilidades e experiências relevantes e complementares e, por fim, estabelecer um processo de tomada de decisão claro e transparente, idealmente descrito em Acordo de Sócios e no Regimento do Conselho.

Convido a todos que tenham interesse em se aprofundar nesse assunto a consultarem a publicação da coleção IBGC Orienta “A importância do Conselho Consultivo em Empresas de Capital Fechado”, da qual sou co-autor. Você pode acessá-la clicando aqui.

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