O IBGC deu um importante passo em fevereiro de 2025 ao estabelecer uma parceria estratégica com o Centro de Estudos em Ética, Transparência, Integridade e Compliance, o FGVethics da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo o site da própria fundação, o objetivo da iniciativa “é estudar, aprender, refletir, inovar, produzir e disseminar conhecimento aplicado sobre esses temas, os quais ajudam, hoje, a agregar valor às empresas e à sociedade civil como um todo”.
Para entender mais sobre esse acordo e suas influências em ambas as organizações, o Blog IBGC conversou com Ligia Maura, coordenadora-geral da FGVethics. Confira abaixo o bate-papo.
BLOG IBGC: Como você vê esse acordo de cooperação entre as duas instituições? Qual é a importância desse tipo de aproximação?
Ligia Maura: Vejo esse acordo como uma convergência natural e estratégica entre duas instituições comprometidas com o fortalecimento da governança no Brasil, através da pesquisa e da educação. A aproximação entre o FGVethics e o IBGC representa uma oportunidade de somar competências, promover o diálogo interdisciplinar e aprofundar a produção de conhecimento aplicado às questões mais urgentes da integridade corporativa, sustentabilidade e responsabilidade institucional.
Inteligência artificial e mudanças climáticas são agendas essenciais nos debates atuais, especialmente em se tratando de governança corporativa. Esses temas integram, de alguma forma, o dia a dia da FGVethics? Como isso é feito?
Sem dúvida. No FGVethics, tratamos a inteligência artificial e as mudanças climáticas como dimensões transversais das nossas reflexões sobre governança ética. Desenvolvemos pesquisas que analisam os impactos da IA sobre a transparência e a accountability nas organizações, assim como projetos voltados à transição climática justa, especialmente no contexto das decisões empresariais. Acreditamos que essas agendas não podem ser tratadas isoladamente, já que elas estão no centro da governança responsável no século XXI.
Qual é a importância desse tipo de acordo para o público das duas instituições?
O acordo amplia o acesso ao conhecimento de ponta e fortalece pontes entre teoria e prática. Para o público do IBGC, representa a possibilidade de incorporar uma visão acadêmica crítica e aprofundada; para o da FGV, especialmente nossos pesquisadores e alunos, abre portas para interlocuções diretas com lideranças do setor privado e experiências práticas de governança. Ambos os públicos ganham com essa sinergia.
Como essa parceria pode auxiliar os públicos (tanto associados quanto docentes, pesquisadores etc.) de ambas as instituições a enfrentar os desafios atuais de governança no Brasil?
A governança no Brasil exige hoje coragem institucional, capacidade analítica e articulação entre diferentes conhecimentos. A parceria entre o IBGC e o FGVethics pode oferecer justamente esse espaço qualificado de debate e produção de conhecimento, com rigor científico e sensibilidade prática, permitindo que os diferentes públicos avancem juntos no enfrentamento de temas como integridade, sustentabilidade, diversidade e transformação digital.
Quais são os maiores desafios enfrentados por centros de pesquisa como o FGVethics na produção de conhecimento científico atualmente no Brasil?
Enfrentamos desafios estruturais, como o financiamento contínuo à pesquisa independente, e conjunturais, como o fortalecimento da confiança pública na ciência e a valorização do conhecimento ético e interdisciplinar. Outro desafio importante é traduzir pesquisas complexas em linguagem acessível e aplicável para tomadores de decisão. É nisso que buscamos atuar com consistência.
Estão previstos outros eventos para celebração desse acordo de cooperação?
Sim, estamos planejando iniciativas conjuntas, como painéis temáticos, publicações e fóruns de diálogo entre academia e mercado. O objetivo é que esse acordo não se restrinja a um gesto simbólico, mas que se traduza em entregas concretas, continuadas e de alto impacto.
Como você vê o papel da ética na construção de um ambiente com uma boa prática de governança corporativa?
A ética e a integridade não são um complemento da governança, elas são seu fundamento. Sem ética e sem integridade, a governança se torna mera formalidade, sem substância. A boa prática de governança precisa estar enraizada em valores, em princípios de justiça, equidade e responsabilidade social. É esse olhar que buscamos promover no FGVethics: uma ética viva, aplicada e comprometida com o bem comum.