Governança 360 tem manhã de debates sobre IA nos CAs

Painéis revelam que a IA já pressiona estruturas de governança e demanda estratégia, cultura e preparo dos conselheiros 

  • 27/11/2025
  • Da redação
  • Eventos

O tradicional Governança 360 chegou à sua sexta edição no mesmo dia em que o instituto completa 30 anos de existência. A maratona de debates e palestras sobre governança corporativa aconteceu nesta quinta-feira, 27 de novembro, em formato híbrido para associados e não-associados.

O tema “Impacto da IA na divulgação das companhias abertas” foi debatido por Cristiane Malfatti, Glades Chuery e Gustavo Galegale. Glades que é business partnership manager do Grupo AG Capital, introduziu o seu painel apresentando uma linha do tempo da inteligência artificial desde os anos 60, incluindo projeções para o futuro, além de relacionar os problemas reais da IA com o uso de dados.

“Será que hoje estamos bem capacitados para usar essas ferramentas de IA e transformar isso em dados que sejam palatáveis?”, indagou. Ela destacou ainda a importância de conhecer os riscos do mau uso da IA e como isso pode impactar os resultados da companhia.

Gustavo Galegale, vice-presidente da ISACA São Paulo, destacou a IA na gestão da reputação - para diretores e conselheiros, ponderando que ela é um tema corporativo de muita responsabilidade. “Não é apenas um tema operacional. Com a IA, eu consigo antecipar uma crise”, pontuou.

"O maior risco é a falsa sensação de que a responsabilidade pode ser transferida para a IA”

Já na mesa “O que muda nos modelos de negócios e formatos dos CAs com a Inteligência Artificial?” foi a vez de Domingos Laudísio, conselheiro de administração, Fernando Alberto, vice-presidente do conselho de administração do Grupo Fleury, e Giancarlo Berry, conselheiro de administração na West Cargo Transportes e sócio da AcNext apital. A moderação ficou a cargo de Tania Magalhães, conselheira de administração e sócia fundadora da PRhub Comunicação e Gestão de Reputação.

“A IA está acelerando modelos de negócios ou questionando seus fundamentos?, iniciou Tania com uma provocação à plateia. “Em que ritmo empresas e indivíduos estão adotando a IA? Criam oportunidades exponenciais ou riscos sistêmicos? Sem clareza estratégica, princípios e processos adequados, a IA não gera vantagem competitiva, mas fragilidades”, afirmou.

Domingos, por sua vez, falou que a estratégia de IA precisa estar incorporada ao plano estratégico da empresa e ser validada pelo conselho, com modelos auditáveis de uso. Já Giancarlo observou que a tecnologia já está pressionando até os níveis mais sêniores das organizações: “Ninguém está preparado para o volume de informações e decisões que um modelo como a IA traz”.

Quanto aos riscos emergentes para a governança, Fernando Alberto afirmou que a experimentação é inevitável e precisa ser feita com apetite ao risco, mas em ambiente controlado. Giancarlo compartilhou, por sua vez, que o maior risco é a falsa sensação de que a responsabilidade pode ser transferida para a IA.

“Melhor do que competir com IA é tirar o melhor uso dela”

No fim da manhã o foco foi cultura organizacional. Na mesa “IA na sala do conselho: equidade e inteligência humana em decisões estratégicas”, Sandra Guerra, conselheira de administração, sócia fundadora da Better Governance, ao lado de Michelle Squeff, conselheira de administração e CEO da Governança Orgânica, aprofundaram a discussão sobre vieses, ruídos e cultura organizacional.

Michelle questionou Sandra sobre os tipos de estruturas devem ser definidas dentro das organizações para costurar papeis, responsabilidades, processos de revisão e monitoramento de IA.

“Melhor do que competir com IA é tirar o melhor uso dela”, disse Sandra Guerra. Quanto ao uso de IA nas salas de conselho, Sandra observou que ainda é baixa a adesão, provavelmente por conservadorismo e cuidado com responsabilidades. No entanto, ela reforça que a chave não é competir com a tecnologia, e sim se aliar a ela.

Enquanto isso a gestão da integridade foi o tema central do painel “O papel e a responsabilidade do conselho de administração na gestão de integridade e crises reputacionais na era da IA”.

Glória Guimarães, fundadora da Guimarães Consulting, Bianca Mollicon, sócia do Pessoa & Pessoa Advogados, Daniel Santoro, membro da comissão de Conselhos de Administração do IBGC, e Laís Lucas, membro da comissão Jurídica do IBGC falaram sobre a importância da capacitação dos agentes de governança. “É preciso criar um framework para a minha organização e investir na capacitação do próprio conselho. Tem que ter uma capacitação contínua em ética e tecnologia como dever do conselho para supervisionar essa integridade. A IA acelera tudo, inclusive os erros – a diferença é que esses erros agora ganham escala”, apontou Bianca.

 

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